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Um grupo de garimpeiros armados atacou nesta quarta-feira (26), no início da tarde, a aldeia Fazenda Tapajós, em Jacareacanga, no sudoeste do Pará. O grupo incendiou várias casas da aldeia, onde estava uma das principais lideranças Munduruku que se opõem ao garimpo ilegal na região. As casas de Maria Leusa Kaba Munduruku e de seus parentes foram totalmente destruídas pelo fogo.
O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Polícia Federal (PF) que enviasse forças para o local. Não há notícias de feridos. A tensão segue grande porque, segundo os indígenas que foram atacados pelos garimpeiros, o grupo seguiu viagem para atacar outras aldeias onde vivem lideranças contrárias ao garimpo.
No momento estão presentes em Jacareacanga forças federais que cumprem decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para coibir as atividades ilegais dos garimpeiros, mas nem isso foi capaz de intimidar os invasores. Na manhã desta quarta-feira eles chegaram a atacar as forças federais na tentativa de depredar equipamentos que seriam utilizados na retirada dos garimpeiros. Houve confronto nas ruas de Jacareacanga.
Segundo a PF, os garimpeiros tentaram invadir a base montada pela corporação e incendiar carros, em uma tentativa de impedir a operação contra as dezenas de garimpos ilegais que invadiram o território Munduruku nos últimos dois anos. Os garimpeiros são investigados por associação criminosa, exploração ilegal de matéria-prima pertencente à União e delito contra o meio ambiente.
Os ataques de garimpeiros vêm se agravando desde o início do ano e levaram o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, a decretar a adoção de medidas contra o avanço dos criminosos nos territórios Munduruku. A ordem atendeu um pedido da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) para proteção dos povos Munduruku e Ianomâmi contra os ataques cada vez mais violentos de garimpeiros ilegais.
Recentemente um importante grupo criminoso que atua com garimpo ilegal na região sudoeste do Pará foi tornado réu na Justiça Federal após denúncia do MPF. Foram denunciados oito não indígenas, ligados ao grupo conhecido como Boi na Brasa, e cinco indígenas que se aliaram aos criminosos.
Os não indígenas são responsáveis por diversas invasões dentro dos territórios protegidos na região do alto Tapajós e acusados por operarem pelo menos quatro garimpos na Terra Indígena (TI) Munduruku e na Floresta Nacional do Crepori, causando graves danos às matas e cursos d’água. Pelas estimativas dos investigadores, os invasores já causaram pelo menos R$ 73,8 milhões em danos ambientais na região de Jacareacanga.