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O concorrido mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Ufopa oferta um total de 25 vagas anuais. Neste ano, sete vagas foram reservadas para negros, quilombolas, indígenas e PCDs.
Esta foi a primeira vez que o PPGE fez reserva de vagas para o público atendido pelas ações afirmativas resultantes da implementação da Resolução nº 314, de 23 de dezembro de 2019, do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da Ufopa, que regulamenta a Política de Ações Afirmativas para inclusão de negros (pretos e pardos), quilombolas, indígenas e pessoas com deficiência nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
A informação é do Prof. Dr. Alan Augusto Moraes Ribeiro, que integra o grupo de pesquisa Educação, Raça e Etnicidades na Amazônia (GEREA/ICED/UFOPA) que orienta a pesquisa “As dimensões educativas presentes nas festas de Ramada de Santa Luzia e no Marambiré do Quilombo Pacoval, Alenquer – Pará”, conduzida pelo agora estudante de mestrado Roberth Costa, o primeiro quilombola a integrar um curso de pós-graduação na Ufopa.
“O que era um sonho distante, passou a se tornar uma realidade palpável. Fiz todo o processo de inscrição, preparação do projeto de pesquisa, sempre com a ajuda dos amigos, do presidente da minha comunidade e também do professor Luiz Fernando França, que trabalha muito para garantir a inserção de negros e de quilombolas na universidade. Portanto, essa primeira conquista não é só minha, mas de um coletivo que torce e incentiva a entrada e permanência de negros, quilombolas, indígenas nos cursos de graduação e pós-graduação”, afirmou Roberth Costa, ao comentar a sua aprovação.
A pesquisa em andamento consiste em uma análise da festividade do Marambiré, que ocorre na primeira metade de dezembro, dentro do Território Quilombola do Pacoval, na cidade de Alenquer (PA), como uma “festa educativa”. “Ao mesmo tempo é uma festa tradicional que mobiliza uma identidade coletiva. Ao olhar para uma festividade que envolve dança, canto e música sob um ritual complexo que articula a memória coletiva, os saberes tradicionais e as narrativas locais sobre a história da comunidade, percebi que Roberth, como integrante da própria comunidade, morador do território, articula três elementos fundamentais da educação escolar quilombola como uma modalidade de ensino que se constrói dentro e fora do espaço escolar.
Na prática, ele discutirá como essa educação quilombola pode ser encontrada no Marambiré, indicando, ao mesmo tempo, um caminho de análise conceitual novo e uma possibilidade de implementar as diretrizes curriculares nacionais para a educação quilombola (Resolução CNE/CEB nº 8, de 20 de novembro de 2012) para o desenvolvimento da educação em sua comunidade do Pacoval e demais comunidades quilombolas da região”, explicou o orientador da pesquisa.